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6/maio/2020

Pós-quarentena: quando e se tudo voltar ao normal, Pedra do Reino é lugar sagrado para turismo de aventura

Postado por Imprensa | 6/maio/2020 | Agenda Cultural

Distante 437 Km de João Pessoa, chegar à Pedra do Reino, por qualquer rota, é uma aventura e um mergulho na História do Brasil, se a viagem for embalada pelo fascínio que o Sertão Sebastianista desperta ou simplesmente uma busca de explicação racional por ter sido um lugar onde durante três dias os fiéis do Reino, embalados por gritos, danças hipnóticas, música e bebidas alcoólicas, mataram 30 crianças, 12 homens, 11 mulheres e 14 cães. É este o lugar que dá nome a romances consagrados, teatros e espaços culturais em João Pessoa.

Que São José do Belmonte, cidade localizada num entroncamento nas divisas entre Pernambuco, Paraíba e Ceará foi Rota do Cangaço e romeiros no início do século XX, muitos sabem, mas poucos conhecem sua inserção na história do Cariri Pernambucano, embebida em sangue, misticismo e domínio de coronéis políticos do início do século XX, também coiteiros de cangaceiros, quase todos ex-oficiais da Guarda Nacional. A cidade e sua zona rual são destinos para turismo de aventura.

A Pedra do Reino está associada ao furor messiânico do Sebastianismo visitado e revisitado em romances e teses acadêmicas.

Mas o que é a Pedra do Reino, afinal ?

São duas pedras juntas – uma de 30 metros de altura e outra com 33 – , local que virou sede do reino criado por um certo João Antônio dos Santos com crenças, leis e costumes próprios não muito divergentes das existentes no País até neste século 21.

A volta de Dom Sebastião, rei de Portugal, Brasil e partes da África, desaparecido na batalha de Alcácer-Quibir, em 1578, para combater aos muçulmanos, prometida por João Antônio assegurava, “grosso modo”, que os pobres se tornariam ricos; negros se tornariam brancos; o alcance imediato da prosperidade e reino da salvação, buscas tão prementes nos dias atuais guiadas pelo fundamentalismo religioso evangélico dos dias atuais.

A Pedra do Reino, vê-la ao longe, cruzar todo pátio onde estão as lumiaras, e mesmo passar por entre as duas torres; sendo conhecedor das suas implicações culturais e religiosas provocam emoções por conta da energia do lugar

O lajedo faz uma interface com as lumiaras religiosas as criadas e colocadas no local por Ariano Suassuna, quando secretário de Cultural de Pernambuco. 16 totens, esculturas – personagens sebastianistas – colocadas em círculo, algo como representando o sagrado e o profano.

Roteiro – Deixando a Paraíba por Santa Inês até Carmo, Distrito de S. J. do Belmonte, o choque é imenso ao cruzarmos em estrada estreita com dezenas de caminhões-pipa levantando poeira a desnudar a face cruel do semiárido na Vale do Piancó.

Os acontecimentos históricos ocorridos nesses arredores, em 1836, só ganharam importância narrativas de meados do século 20 e início deste com romances e construções de teatros e centros culturais, em João Pessoa.

Entretanto, coube ao jornalista Tristão Alencar de Araripe Júnior, em 1878, deixar o Recife, viajar até São José do Belmonte para narrar, em crônicas publicadas pela Tipografia Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, suas “Crônicas Sebastianistas”, organizadas depois no romance “Reino Encantado”.

Foi esta reportagem do século XIX de Tristão Alencar que inspirou José Lins a escrever o romance “Pedra Bonita”, em 1938. Foi na narrativa tipo romance de cavalaria de Tristão de Alencar que o notável escritor Ariano Suassuna se inspirou para escrever “Romance da Pedra do Reino – e O Príncipe do sangue do Vai-e-Volta”, em 1971.

A viagem – Patos, distante 316,6 Km de João Pessoa, serve com base para viagem até a Pedra do Reino. De Patos até Santa Inês são 181 Km de rodovia asfaltada. De Santa Inês até a Pedra do Reino mais 44 km, estrada em barro batido até BR-361, com asfalto em estado precaríssimo, para depois enveredar pouco depois do Carmo, por nova estrada de barro até a Serra Formosa.

É lá onde está a Pedra do Reino que vista e narrada por Ariano Suassuna, só em João Pessoa, dá nome a 3 teatros e um Centro Cultural. Para uns, certamente um exagero de homenagens ao escritor paraibano; para outros justas, porque o romance é um clássico da literatura brasileira, reconhecendo-se que a fonte onde Zé Lins e Ariano beberam bastante, seja a reportagem Tristão Alencar e o seu grande motivo – o povo do Sertão.

João Costa

 


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